Por Tiane Muriel
Enfermeira. Fundadora da startup Ellas na Saúde.
As organizações de saúde são geridas por profissionais que dependem de uma sólida estrutura para administrar programas e processos assistenciais, e da mesma forma alicerçar a gestão de pessoas. Para uma gestão eficaz, é preciso ter método. Com isso, torna-se importante definir padrões que identificam o desempenho das pessoas para, assim, desenvolver planos em que todos possam performar de maneira adequada, dentro do planejamento estratégico de uma organização.
No entanto, é evidenciada uma escassez de profissionais com desempenho de alta performance devido a lacunas nas suas formações e falta de incentivo para o desenvolvimento de habilidade importantes para a liderança nos ambientes de saúde. Profissionais da Enfermagem estão inseridos em ambientes complexos que requerem habilidades comportamentais diferenciadas. São cobrados por resultados que dependem não só de habilidades técnicas, mas também das habilidades comportamentais. Em muitas situações, nesses ambientes de trabalho, as soft skills são mais valorosas.
A grande lacuna na área da saúde é a precariedade com que esses temas são tratados ainda na formação dos profissionais que atuam nesses ambientes complexos. Fato que, muitas vezes, gera um distanciamento de uma liderança protagonista com gestão eficaz em sua jornada profissional. Ao desenvolver-se para identificação de oportunidades e problemas, o líder contemporâneo na enfermagem poderá consolidar um novo estilo de liderança, voltado para resultados e responsabilidade dos liderados.
O Enfermeiro deve ser um ponto de apoio, um líder direcionado e inspirador. Assim, este profissional precisa passar de uma jornada de comando e controle para a autogestão, ou seja, para um modelo em que os membros de uma equipe tomam decisões de forma colaborativa, com responsabilidades compartilhadas, participação ativa de todos, comunicação transparente e aprendizado contínuo. É preciso se autodesenvolver e, então, desenvolver os liderados, posicionando-se como um líder que dá suporte para sua equipe, implementando uma gestão estratégica, mas não centralizadora.
Muitos tentam simplificar a questão e dizer que os líderes de enfermagem precisam fazer o que é necessário. Contudo, sem preparo para guiar, influenciar e inspirar pessoas para operacionalizar processos voltados ao alcance de resultados, torna-se mais árdua e complexa a atividade. Ineficiências na liderança geram consequências indesejadas, tais como baixa motivação e pouco engajamento da equipe, desorganização, alto turnover, clima organizacional negativo, dentre outras, que prejudicam ou atrasam o alcance dos resultados desejados.
São muitas as responsabilidades, em cenários complexos de cuidado à saúde e de muitas variáveis emocionais e relacionais que necessitam de um olhar voltado ao desenvolvimento de pessoas. Papéis mal definidos levam aos erros atuais. Precisamos de líderes voltados para resultados e com as competências que tragam os liderados para um engajamento real, não decorrente apenas da pressão por resultados.
Esta é uma reflexão inicial sobre um tema que merece mais espaço nas instituições de ensino e nas próprias instituições de saúde. É necessário que estratégias sejam criadas para abordar e desenvolver a temática da liderança de pessoas durante a formação e desenvolvimento da carreira dos Enfermeiros. Um profissional que, em conjunto com sua equipe, é capaz de agregar valor aos cuidados em saúde.
1 comentário
Uma maior abrangência no assunto durante a graduação, aliada ao incentivo das empresas para uma educação continuada sobre liderança, acredito que geraria um melhor impacto no desenvolvimento dessa skill tão importante. Sigo acreditando que meus colegas enxergarão a percepção de valor nesta área. Obrigada pelo artigo.